Yamadori e o bonsai
O Yamadori é uma técnica bem conhecida entre os artistas de bonsai, que consiste em recolher uma árvore na Natureza.
Os chineses também utilizaram muito este método.
Yamadori é uma expressão japonesa que significa tirar da montanha.
É evidente que ganhamos tempo, porque podemos encontrar plantas com um aspecto já envelhecido e com curvas bem pronunciadas, em suma, é muito fácil obter rapidamente um bonsai de uma planta que recolhemos da Natureza.
Só que, numa altura em que o aquecimento global deve ser levado muito a sério, percebemos que o mais pequeno acto de destruição que podemos evitar torna-se de extrema importância.
Pode parecer insignificante, mas quantas intervenções deste tipo podem ser realizadas em todo o mundo ao longo do ano?
Cabe-nos a nós perceber que, mesmo sendo apenas uma pequena árvore, tem uma importância fundamental no seu próprio ecossistema e a sua remoção pode desiquilibrar o ambiente em que vive e causar por exemplo a erosão dos solos.
É mais fácil, rápido e sobretudo mais rentável vender uma árvore retirada da Natureza, que em poucos anos fica formada em bonsai, do que um bonsai a partir de semente ou de estacas que levará até dez vezes mais tempo.
Na iberbonsai produzimos os nossos bonsais a partir de sementes, estacas ou pré-bonsais provenientes de viveiros bem conhecidos, nunca retiramos plantas da Natureza, nem para a nossa colecção particular, nem para venda.
Acima de tudo, respeitamos a Natureza.
Aproveitamos para alertar que é proibido tirar plantas da Natureza sem o consentimento do proprietário ou das autoridades locais e em Portugal existe uma lei que obriga qualquer pessoa que queira retirar um Quercus Suber ou um Quercus Ilex a pedir autorização ao ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas).
O objectivo desta protecção é acompanhar uma estratégia global de conservação, tornando assim o Quercus Suber e o Quercus Ilex ou Rotundifolia um dos principais componentes dos sistemas vivos a serem valorizados e preservados.
A recolha destas espécies sem a autorização das autoridades competentes conduz a multas que podem ser muito elevadas.
De facto, a Natureza tem a vantagem de esculpir formas incríveis que são perfeitamente impossíveis de reproduzir pelo homem.
Por esta razão, em alguns lugares estranhos e fora das condições normais, podemos encontrar sujeitos susceptíveis de ter um forte potencial para se tornarem bonsai.
Como regra geral, as árvores de folha caduca são mais fáceis de se conseguir bons espécimes do que as coníferas.
Contudo se tiver autorização para retirar árvores deverá ter em conta a época do ano para o fazer.
A melhor altura para se retirar árvores da Natureza é no final do Inverno e no início da Primavera, pouco antes da formação dos botões.
Quanto mais velha for a árvore, mais difícil será obter um bom exemplar, pois a raiz axial também será muito grande com o tempo, tornando-se quase impossível a sua remoção.
Alguma perguntas a ter em conta antes de remover uma árvore, para além da autorização explicada acima, é verificar o início do tronco logo acima do Nabari e certificar-se que o movimento vale a pena e também tentar descobrir se a árvore em questão tem raízes suficientemente finas muito próximas da base do tronco.
O Nebari é a expressão japonesa que significa raízes rasantes. É a base do tronco juntamente com as raízes superficiais do bonsai.
Relembramos que a essência da cultura do bonsai fundamenta-se no alcance da perfeição do Nebari, ou seja o sistema radicular apurado que vai permitir proporcionar um melhor desenvolvimento da estrutura aérea.
Para obter um bom Nebari temos que realizar transplantes frequentes, cortar a raiz principal (axial), dirigir e ordenar de forma equilibrada as raízes secundárias (lenhosas), são essas que vão assegurar o bonsai ao solo e as mais finas, não lenhosas, cuja missão é a absorção e o transporte dos elementos nutritivos.
Ler artigo original sobre o Nebari do bonsai.
Se a nossa árvore tiver todas as condições necessárias, podemos arrancá-la de uma só vez, tomando todas as precauções necessárias, mantendo o maior número possível de raízes finas e cortando a raiz axial o mais curto possível.
O mais importante é manter o maior número possível de raízes pequenas e finas.
Por vezes será impossível fazer a remoção de uma só vez, por exemplo se as raízes mais finas estiverem longe da base do tronco, devemos primeiro cortar as raízes maiores a uma distância razoável e depois cobrimo-las com terra para que produzem raízes novas e mais finas, o que pode demorar vários anos.
Uma vez que a árvora tenha sido removida do seu local, teremos de a replantar, depois de retirar uma boa parte do solo antigo, mantendo apenas a terra mais próxima do tronco. Transplantamo-la num substrato de muito boa qualidade como Akadama Hard Quality.
O substrato deve ser muito drenante para evitar o apodrecimento e conseguir uma boa aéração.
Verificar a massa foliar e reduzi-la se necessário de acordo com o volume de raízes para obter um bom equilíbrio.
Colocar o futuro bonsai num local a meia-sombra ou mesmo à sombra, sem adição de fertilizante e controlar a rega, tentando manter um nível de humidade relativamente estável para não corrermos o risco de apodrecimento das raízes.
A árvore recentemente transplantada não tem actividade, não tem circulação da seiva nem transpiração e, portanto, não tem evaporação e não necessita de um abastecimento de água muito grande.
Ler artigo original sobre o transplante do bonsai.
Trabalhar com uma árvore proveniente de yamadori pode levar vários anos
Não é aconselhável começar a trabalhar com uma árvore recém-arrancada e transplantada, devemos esperar até que a planta esteja em perfeita condições e tenha criado novas raízes.
Muitos dos nossos clientes dizem que sua a árvore recuperou após apenas algumas semanas, mas a sobrevivência da árvore não deve ser confundida com a recuperação. A árvore continuará naturalmente a crescer sem as condições necessárias e acabará por perder a sua força.
Por conseguinte, é importante garantir que a nossa árvore está realmente a crescer a e a criar novas raízes.