As tarefas e o calendário do bonsai
Qualquer tarefa que se pretende executar sobre o bonsai deve respeitar o momento certo, é assim que a Natureza nos ensina e é assim que devemos respeitar a Natureza e consequentemente o nosso Bonsai.
A seguir vamos descobrir quais as tarefas e o calendário do bonsai.
O não respeito dessa regra fundamental pode provocar uma situação de stress ou até de morte do Bonsai, diminuindo o processo de crescimento em vez de melhorá-lo.
Qualquer intervenção no bonsai só terá resultados significativos se a planta estiver de boa saúde e com muito vigor.
Um bonsai fraco ou débil nunca poderá responder positivamente a qualquer intervenção, pelo contrário correrá o risco de piorar.
Antes de mais, temos de perceber o Ciclo natural do Bonsai durante o ano:
- A Brotação e a Floração na primavera
azálea japónica iberbonsai
A primavera é no dia 20 de Março no calendário. Para as plantas apenas quando o tempo começa a aquecer, quando os dias e as noites ficam mais amenas com os dias mais longos, aí a seiva começa a subir e a alimentar os brotos que vão abrindo.
Nessa altura também se deve realizar as sementeiras, directamente de sementes conservadas no frio, ou de sementes previamente estratificadas.
- O Crescimento e a Frutificação na primavera e no verão
21 de Junho é o dia de verão no calendário. Conforme a temperatura diurna e nocturna, as plantas irão desenvolver os seus ramos e produzir frutos com mais ou menos rapidez e intensidade.
É à época de mais trabalho com as regas, podas de manutenção, fertilização e retirada das ervas daninhas.
- O Repouso de curta duração no fim do verão
A partir de meados de Agosto, na realidade quando começam os dias a ficarem mais curtos e também menos quentes, a vegetação vai reduzindo de intensidade, já estamos com seiva descendente, quer dizer que a seiva já não transporta os açúcares, inicialmente produzidos pela fotossíntese, já que as folhas estão a perder intensidade.
Aproveitamos o fim do verão para fazer estacas semi-lenhosas da maioria das espécies de bonsais perenes e coníferas.
Leia mais sobre estacas.
- A Maturação e a preparação para o repouso vegetativo no outono
O Outono é no dia 22 de Setembro, mas é quando as folhas começam a cair e os dias a ficarem cada vez mais curtos e mais frios, que o nosso Bonsai está a preparar-se para a dormência de Inverno, até a seiva parar.
Já se pode pensar em adubar com um adubo orgânico como por exemplo o Biogold.
- A Dormência no inverno
O Inverno é no dia 21 de Dezembro, mas pode ser mais cedo ou mais tarde para as nossas plantas: frio, dias mais curtos e queda total das folhas nas plantas caducas, a vegetação está completamente parada e a seiva estagnante.
Com a seiva parada, será a altura ideal para proceder à poda de estruturação, assim teremos a garantia de não enfraquecer o bonsai.
Como é possível a seiva subir nos ramos do bonsai?
A seiva circula nas plantas, das raízes às folhas e vice-versa, via vasos específicos, os tecidos vasculares.
Mas, na ausência de uma bomba ou seja sem coração para garantir a circulação do sangue, o que faz a seiva fluir?
Na primavera e antes da brotação das folhas nas caducas, é apenas o impulso da raiz e a capilaridade que fazem a seiva subir. Assim que as folhas se desenvolvem, a evapo-transpiração foliar pode desempenhar o seu papel de bomba de seiva.
A seiva bruta é conduzida pelo xilema desde a raiz até as folhas, é a seiva ascendente onde circula a água e os sais minerais dissolvidos e extraídos pela raiz. A raiz absorve a água por osmose, movimento resultante da pressão exercida sobre os tecidos.
A seiva elaborada ou floemática é a seiva descendente que transporta a seiva das folhas até às raízes. É mais grossa e conduz os açúcares produzidos durante a fotossíntese assim como os micronutrientes.
Ler artigo sobre a enxertia do bonsai para perceber melhor.
A seiva bruta circula nos vasos interiores, mais perto do coração do tronco e a seiva elaborada circula nos vasos mais perto da casca exterior, ambas até às nervuras das folhas.
Sem bomba nem coração é a pressão que permite o fluxo da seiva bruta, de baixo para cima com principalmente três fenômenos:
- O impulso radicular com as raízes a absorver a água do solo, a seiva bruta vai subindo das raízes para o tronco.
- Capilaridade: transferência de um líquido de um ponto para outro, por atração, através de um suporte poroso, como acontece com um torrão de açúcar.
- Evapotranspiração: a acção do sol, do calor e do vento provocam a evaporação da água ao nível da folha e gera uma depressão nas partes aéreas da planta criando a aspiração da seiva. No bonsai, retirar as folhas maiores ajuda a diminuir a evapotranspiração e ao mesmo tempo é bom porque permite reduzir o tamanho da folha.
Para a seiva elaborada, que flui de cima para baixo, a força da gravidade é o principal condutor.
A transpiração foliar é um mecanismo essencial que permite manter o equilíbrio hídrico assim como a regulação da temperatura do bonsai.
Somente dez a quinze por cento da água absorvida do solo pelas raízes vai servir a fotossíntese.
Ao nível do bonsai, a transpiração depende da superfície de evaporação ou seja a quantidade e o volume de folhas bem como da própria constituição da folha seja ela fina ou grossa, do clima local, da humidade, do sol, do ar, da temperatura, da luz e outras características que devemos ter em conta.
Como acabamos de ver, é crucial respeitar as tarefas e o calendário do bonsai
Aviso:
O ponto de murcha, determina o teor mínimo de água no solo abaixo do qual o bonsai não pode superar a tensão capilar da água. É quando as pontas dos ramos começam a flexionar, é o momento onde devemos regar abundantemente para salvar o bonsai.
Perigo:
O ponto de murcha permanente, representa o teor de água no solo para o qual as folhas do bonsai começam a secar definitivamente e nesta situação poderá já ser tarde regar, neste caso não foram apenas as folhas que desidrataram mas também os ramos e o bonsai acaba por morrer.
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