Bonsai momento.
O bonsai é algo de especial e para aproveitar cada momento com ele, temos que nos preparar psicologicamente para o efeito. Sabemos que é uma terapia para muitas pessoas, mas mesmo para o cidadão comum pode ser um momento envolvente e de muita dedicação.
Temos que estabelecer uma barreira virtual, entre o momento da nossa vida quotidiama e o momento que estamos junto do nosso bonsai.
No Japão este momento é vivido passando pelo torri, uma curiosidade espiritual.
Passar pelo torri é sinónimo de bonsai momento.
Do espírito à arte, da vida real ao mundo espiritual, para entrar no mundo do bonsai temos primeiro que entrar pelo torri.
O torri é a porta considerada como fronteira entre o nosso mundo real e o mundo espiritual.
É fabricado de madeira tradicional em madeira de lei como cedrus, momijii ou pinus nigra.
Formado por duas colunas que sustenta o céu e por vigas transversais que representam a terra.
Existem dois tipos de torri, uns curvos chamados Myôjin e outros direitos chamados Shinmey torri.
Mas qual o simbolismo do torri?
Geralmente são instalados há entrada dos santuários e mais especificamente há entrada de locais de culto. Este tipo de porta imaginária é o local que permite aceder ao mundo espiritual e de voltar para o nosso mundo real. O mundo sagrado é protegido por uma força divina e o torri permite atravessar esse campo.
Diz a lenda que:
- Ao entrar por um torri no mundo espiritual, a pessoa tem que ter a certeza de voltar pelo mesmo no sentido contrário no mundo real. Sem essa certeza é recomendado contornar o torri, como fazem alguns japoneses.
Na nossa casa temos que ter o mesmo pensamento e desligar do dia a dia para entrar num momento específico, fazendo de conta que passamos por um torri imaginário, mesmo que seja somente pela porta da casa ou da varanda, para entrar num mundo natural e tranquilo, o nosso próprio mundo com o nosso bonsai.
Sabemos que hoje em dia o ser humano necessita cada vez mais de tranquilidade e de ter uma ligação com a mãe natureza, é imprescendível para viver em paz connosco mesmo e o bonsai é ideal para restabelecer essa conexão, não ocupa muito espaço em casa e basta alguns minutos de atenção por dia para regar, que é a principal tarefa regular que devemos cumprir e guardar alguns momentos ao fim de semana para executar os trabalhos mais demorados como a adubação, a poda, o transplante ou a aramação.
Ler artigo original sobre a arte do bonsai.
Ao passar pelo mundo do bonsai, estamos a deixar para trás os nossos problemas, as nossas angústias, em suma as nossas preocupações habituais, chegamos a fazer de conta que procedemos a uma lavagem cerebral virtual, mesmo que muito leve e por pouco tempo, mas para cuidar do nosso bonsai temos que ser paciente e focado o mais possível para estar atento ao mais pequeno pormenor.
Antes de decidirmos praticar qualquer tarefa, a nossa primeira missão é estar a escuta do nosso bonsai, inúmeras pessoas falam com o bonsai, mas o que muitas não percebem é que é mais o bonsai que tenta falar connosco. De fato o bonsai dá sinais que devemos saber interpretar para poder intervir e aceder às necessidades dele. Não podemos simplesmente fazer a mesma coisa todos os dias sem prestar qualquer atenção aos indícios que nos fornece o nosso bonsai.
Para já é muito bom ter uma rotina para cuidar do bonsai que tem que ser quotidiana.
Na iberbonsai temos muitos clientes que dedicam este momento ao pequeno almoço, antes do trabalho, ajuda a relaxar perante um dia exaustivo e cheio de incertezas. E por acao é o melhor momento do dia para regar o bonsai, as folhas terão assim o dia todo para secar até á noite.
A rega não é uma obrigação quotidiana, daí a nossa particular cautela em relação ao substrato e regar só e quando necessário, isso quer dizer quando o substrato à superfície começar a secar.
Se tivermos um ligustrum sinensis na nossa coleção, será muito mais fácil saber quando regar, é o primeiro bonsai a dar sinal de falta de água, as pontas começam a flexionar rapidamente, é o chamado ponto de murcha e neste caso convém regar abundantemente ou melhor ainda, mergulhar o vaso por completo para que não chegue até a desidratação total.
Regar como deve ser implica passar várias vezes com o regador, com o ralo sempre virado para cima de forma contínua até a água sair pelos furos do vaso e repetir a operação alguns minutos depois, para garantir que as raízes estão bem molhadas.
Utilizar água da chuva, do poço ou de garrafão. Não esquecer que a água da rede pública deve repousar alguns dias para deixar evaporar o cloro, que é nocivo para o bonsai. Regar as folhas juntamente com a terra só faz bem à árvore, exceto nos dias com muita humidade no ar onde neste caso as folhas podem não ter tempo suficiente para secar e mais tarde começam a apodrecer.
NOTA:
- Temos que ter em atenção que, quanto mais seco estiver o torrão, mais depressa a água irá sair pelos furos do vaso e claro, isso não significa que o bonsai esteja bem regado, pelo contrário e nesse caso é necessário repetir e insistir durante algum tempo para que as raízes fiquem bem molhadas.
A saber:
- O regador para bonsai, qualquer que seja a capacidade, tem que ter sempre um tubo de alimentação do ralo muito comprido e reduzido, só assim é que conseguimos a pressão necessário para obter uma rega o mais possível parecida com água da chuva. Quanto mais comprido e mais fino, mais pressão temos.
Na iberbonsai dispomos de um sistema de rega automático instalado, mas quase nunca o utilizamos, podiamos muito bem ligar o sistema e tratar de outras tarefas, mas em vez disso preferimos regar à mão, com uma mangueira e uma lança com chuveiro na ponta, de ralo fino e porquê?
Porque assim temos a possibilidade, cada vez que regamos, o que é quase todos os dias no verão, de apreciar e monitorizar cada um dos nossos bonsais, é tipo raio X que passamos a cada bonsai. Como falamos mais acima, o bonsai exprime-se à sua maneira e nós temos que saber interpretar o seu pedido.
A seguir vamos descrever algumas situações e como interpretá-las:
- Com pouca água, nota-se pela queda das flores. As folhas ficam amarela com os bordos secos e castanhos, moles e o crescimento é nulo. As pontas começam a flexionar e a murchar. Caso o torrão comece a apresentar fissuras ou fendas, temos que nos preocupar a séroio, pegar no bonsai e regar por imersão de imediato. Se estivermos a zelar pelo nosso bonsai todos os dias, esta situação não vai acontecer. Por isso é que temos que estar atentos a cada árvore e a cada detalhe que possa surgir.
- Com muita água, as flores tornam-se meladas, as folhas ficam amarelas com pontas castanhas, moles, apodrecidas e de cor muito escura. O substrato fica melado. Se a situação perdurar por muito tempo, as raízes acabam por apodrecer e o bonsai pode morrer.
Mas qual o papel da água no bonsai?
Para a seiva elaborada, que flui de cima para baixo, a força da gravidade é o principal condutor. A transpiração foliar é um mecanismo essencial que permite manter o equilíbrio hídrico assim como a regulação da temperatura do bonsai.
Somente dez a quinze por cento da água absorvida do solo pelas raízes vai servir a fotossíntese.
Ao nível do bonsai, a transpiração depende da superfície de evaporação, ou seja, a quantidade e o volume de folhas assim como da própria constituição da folha, seja ela fina ou grossa, do clima local, da humidade, do sol, do ar, da temperatura, da luz e outras características que devemos ter em conta, daí a importância de saber qual o tipo de bonsai.
Ler artigo original sobre como regar o bonsai.
Ler artigo sobre os tipos de bonsai.
Com pouca luz a floração é escassa ou nula. As folhas inferiores ficam amarelas. Existem grandes separações entre as folhas que se tornam pálidas e moles. O bonsai não tem nenhuma reação ao adubo.
Com muita luz, as folhas ficam murcham e retorcidas. Aparecimento de manchas secas de cor castanha. Em casa é raro acontecer, mas no exterior e no verão a situação é diferente, assim temos que pensar em proteger o bonsai do sol direto com uma rede de sombra.
Com muito frio no caso dos bonsais de exterior, a floração é nula, as folhas pálidas passam a ficar retorcidas e castanhas, as folhas parecem cozidas.
Quais as consequências do frio no bonsai?
A geada é o resultado da cristalização da água em gelo e tem efeitos nocivos sobra a árvore, reduzindo a absorção de água pelas raízes, levando à morte da árvore. A seiva que continua a fornecer o metabolismo, irá congelar, aumentando de volume e causando o rebentamento das células e consequentemente as raízes podem partir o vaso do bonsai.
Se o solo estiver congelado, as raízes já não absorvem a água do solo e o bonsai morre de sede antes de morrer de frio.
Atenção, não é por estar frio que não devemos regar, pelo contrário, um bonsai que não tem água suficiente é uma árvore frágil, suscetível a doenças, mas também ao frio e ainda mais ao gelo.
O mais importante é proteger o torrão e o vaso porque as raízes são muito sensíveis e portanto vulneráveis a estarem demasiado próximas da borda do vaso, que é frequentemente fino. A escolha de um vaso com paredes grossas facilitará a proteção das raízes durante o inverno, sobretudo nas regiões onde o gelo é mais forte.
Proteger igualmente o nebari e a base dos ramos principais com palha ou turfa para que a planta possa ser recuperada, se necessário.
Ler artigo original sobre o bonsai e o frio.
Com muito calor, segue-se a queda das flores, as folhas de cor verde-claro acabam por murchar. Temos que ter cuidado no verão nos dias mais quentes e sobretudo com uma taxa de humidade muito baixa, temos clientes que perderam bonsais num só dia. Quando nos deparamos com uma taxa de humidade inferior a quarenta e cinco por cento, devemos obrigatoriamente proteger o nosso bonsai do calor e vigiar durante todo o dia o substrato. Regar por imersão e pulverizar as folhas pode ajudar o bonsai a suportar o período de grande calor e salvá-lo da secura.
O pior para o bonsai não é tanto a temperatura que, se fôr muito elevada pode parar a vegetação, a seiva não circula normalmente nas veias dos ramos, afetando assim a vida do bonsai, mas sim os raios solares que incidem diretamente sobre as folhas provocando queimaduras irreparáveis. Um guarda-sol pode remediar o problema no caso de ter um ou dois bonsais, no caso de possuir vários bonsais para proteger, então teremos de pensar numa rede de sombra própria que terá de ficar por cima dos bonsais das onze às dezassete horas.
As queimaduras solares notam-se nas folhas sob a forma de manchas amareladas a castanhas, a folha queimada acabará para cair e se o bonsai tiver quase a totalidade das suas folhas nessa situação poderá secar por completo e morrer. Sem folhas não há fotossíntese e a árvore não consegue sobreviver. Caso presenciamos uma ocorrência deste genro, a primeira coisa a fazer é regar copiosamente o bonsai, de preferência mergulhando o torrão até à parte de cima, de seguida tirar as folhas queimadas com uma tesoura, deixando alguns centimetros de pecíolo. Nunca arrancar as folhas com os dedos porque poderia remover o futuro broto. É nas axilias das folhas que nascem os futuros ramos, a partir das gemas axilares. Deixar se possível algumas folhas ou partes delas ainda verdes para ajudar o bonsai a recuperar do stress. Mesmo cortada, uma folha pode continuar o seu desempneho e assim ajudar o bonsai a revigorar.
Ler artigo original sobre o sombreamento do bonsai.
Aplicar vitaminas especiais à razão de sessenta gotas num litro de água ajudará também na recuperação.
É um fertilizante organo-mineral líquido com efeito imediato para as plantas e que deve ser adicionado à água de irrigação.
Ativa o crescimento, as folhas ficam mais verdes, favoreça a floração, aumenta a resitência ao frio e às doenças. Previne o choque após o transplante do bonsai e acelera a produção de raízes nas plantas recuperadas. O vitabonsai não é um pesticida e não é tóxico para as plantas. Deve ser utilizado como complemento ao adubo e não como substituto.
Ver as nossas vitaminas e adubos.
Dentro de casa e para o bonsai dito de interior ou bonsai tropical, a nossa principal preocupação será de evitar que o nosso bonsai leve com os raios de sol atrás do vidro, o que implicaria queimaduras foliares e até provocar a morte. Portanto, dentro de casa o bonsai deve ficar junto de uma janela, o mais perto possível, mas sem nunca ter a possibilidade de ficar no raio de ação do sol. Convém evitar cortinas, estas últimas cortam uma boa parte da luz natural. Relembramos igualmente que é importante virar o bonsai de dois em dois ou pelo menos de três em três dias para garantir um crescimento regular da árvore.
Com muito adubo, nos dias seguintes caiem as folhas de cor castanha. As folhas são muito grandes. Este tipo de situação não acontece com facilidade no bonsai, basta respeitar a dosagem indicado na embalagem nos adubos líquidos. Com o adubo orgânico biogold é praticamente impossível que aconteça perder um bonsai.
Caso aconteça um caso de sobredosagem de adubo, podemos tentar remediar a situação, e quanto mais breve possível, regando durante muito tempo o torrão para provocar a lixiviação do substrato. A seguir e nas futuras regas nunca adicionar adubo até aparecer uma nova rebentação.
Com pouco adubo, aparecimento de manchas de cor branca ou amarela de forma irregular nas folhas. As nervuras da folha são verdes e o restante fica amarelo.
A falta de adubo não é tanto perigoso que o excesso.
O bonsai não pode viver sem adubo, é o alimento principal sobretudo na estação de maior crescimento como na primavera e no verão.
Em resumo o adubo é o alimento para o bonsai, tal como precisamos de alimentos em quantidade e qualidade suficientes para viver e crescer, o bonsai deve encontrar os nutrientes necessários no seu substrato para crescer saudável. O bonsai precisa de um fornecimento equilibrado de azoto, fósforo, potássio e enxofre.
As doenças e os insetos são detetáveis desde o primeiro momento, isso claro se estivermos atentos regularmente ao nosso bonsai, daí o nosso momento diário, tranquilo e atento.
A cochonilha é um inseto envolvo em algodão branco que se esconde nas partes mais difíceis. Assim que detetar a presença destes insetos, isolar de imediato o bonsai.
Limpar com uma escova de pêlos macios todas as partes infestadas e aplicar um inseticida anticochonilha. repetir a aplicação catorze dias depois até a eliminação total dos insetos.
A cochonilha aparece muitas vezes porque o bonsai não tem luz suficiente nem o arejamento necessário. Cuidado também com as outras plantas em casa, que podem ser transportadoras de pragas.
O pulgão sobre o bonsai é a praga mais comum, pode ser preto ou verde, os ovos são alongados, pretos, brilhantes e inferiores a um milímetro, hibernam debaixo da casca e é principalmente na primavera que se pode descobrir os insetos nos brotos novos do bonsai.
Os adultos são ovais e de corpo macio, de várias cores e medem de dois a quatro milímetros.
Há indivíduos não alados que não se movem e indivíduos alados que podem percorrer grandes distâncias.
Fácil de detetar com uma simples observação, podemos ver colônias de pulgões à volta dos brotos alimentando-se da seiva. Por norma fica sempre um pó preto sobre os caules por onde andam os pulgões, é um fungo. As folhas também podem ficar pegajosas em consequência dos sucos que os pulgões produzem.
O pulgão pode atacar todas as partes da planta, folhas, caules e raízes. Particularmente reconhecível pelos furos de alimentação nos vasos que conduzem a seiva elaborada, causando uma diminuição do crescimento do bonsai, assim como malformações que podem ir até ao declínio total da árvore.
A lagarte alimenta-se de plantas macias para se transformar em borboleta.
Algumas são particularmente vorazes, tais como a lagarta traça nebulosa que se alimenta dos botões de folhas jovens de acer, bétula e quercus.
A traça do pinheiro ou rhyacionia buoliana.
É uma lagarta que ataca rebentos jovens e botões de pinheiro e cedro.
Reconhecíveis por folhas ou agulhas ou grupos de agulhas feridas com fios de seda e roídas por uma lagarta. A lagarta pode estar suspensa por um fio de seda. Por vezes vemos jovens rebentos a morrerem com uma lagarta enrolada dentro do rebento.
Aranhiço, um ácaro com o potencial de destruir dezoito a vinte células por minuto, pelo que a alimentação contínua origina uma coloração cinzenta a bronzeada no orgão atacado. O ovo mede menos de um milímetro de diâmetro, é esférico, liso, translúcido após a postura, tornando-se com o decorrer do desenvolvimento embrionário um pouco rosado. A larva é arredondada, esbranquiçada, com três pares de patas, um pouco maior que o ovo.
O oídio caracteriza-se pela presença de um pó branco nos ramos e às vezes nas folhas. Mal detetamos a presença deste pó branco, a não confundir com a cochonilha que é mais tipo algodão, temos que polvilhar todos os ramos e as folhas com flor de enxofre, produto natural, barato e muito eficaz.
Ler artigo original sobre as pragas do bonsai.
Bonsai momento é uma filosofia.
Basta perceber o quanto é importante consagrar um momento do nosso dia para convivermos com o nosso bonsai, para tratar dele e mais importante ainda, cuidar da nossa mente para ficarmos mais felizes.