Fogo Bacteriano ou Erwinia Amylovora no bonsai
O fogo bacteriano é uma doença causada por um agente patogénico conhecido como bactéria Erwinia Amylovora, que é muito perigosa e contagiosa e capaz de infectar mais de cento e quarenta espécies de plantas.
A doença, com origem na América do Norte, apareceu na Europa na década de setenta e causou grandes danos na produção de frutas, mas também destruiu muitas plantas ornamentais.
Principalmente ativo de Maio a Setembro, é portanto, durante esses meses que se deve estar mais atento e observar o aparecimento de novos sintomas.
Este doença é particularmente identificável pelo escurecimento das folhas e murcha dos rebentos.
- As folhas ficam escuras, como queimadas, mas presas na árvore.
- Os ramos de flores ficam pretos, os jovens rebentos secam e enrolam-se.
- Os orgãos afectados segregam um líquido viscoso castanha amarelado em forma de gotículas contendo um grande número de bactérias.
É o principal vector da doença.
O fogo bacteriano ou Erwinia Amylovora pode provocar a morte dos bonsais e das árvores, especialmente arvores frutíferas como macieiras, pereiras e marmeleiros.
Árvores e arbustos ornementais também são muito susceptíveis a esta doença como por exemplo o espinheiro ou crateagus monogyna, a potentila, a spirea, o marmeleiro japonês, o cotoneaster, a pyracantha, o sorbus, a photinia davidiana etc.
Nota:
- O início dos sintomas pode ocorrer até centenas de dias após a inoculação da bactéria.
Apesar de ter diminuido a sua actividade nos últimos anos, a bactéria ainda está presente em estado latente, a contaminação das árvores ocorre principalmente pela flor e pode espalhar-se muito rapidamente quando as condições lhe são favoráveis, como excesso de humidade, quando for superior a sessenta por cento entre outros.
O período mais perigoso para as plantas é a Primavera, na época da floração.
Qual o ciclo biológico de Erwinia Amylovora?
No Inverno, a bactéria sobrevive na área entre o tecido saudável da casca e o cancro produzido no fim da estação de crescimento.
Na Primavera, as bactérias multiplicam-se em árvores infectadas, infecção de botões de flores e brotos, propagadas pelo vento, abelhas e pássaros.
Particularmente mais rápido quando a temperatura situa-se entre doze e quatorze graus, alcançando o seu desenvolvimento máximo perto dos vinte e quatro a vinte e sete graus.
E como já vimos, com alta percentagem de humidade o processo acelera-se.
As bactérias sobrevivem na árvore enquanto este estiver vivo. O desenvolvimento da bactéria Erwinia Amylovora reduz a subida da seiva elaborada acima das áreas afectadas.
No Verão, podemos observar a infecção de novos brotos e a secagem das folhas.
As bactérias não sobrevivem por muito tempo ao ar livre e o ataque só pode ocorrer por meio de uma abertura já existente, como a flor, a principal porta de entrada das bactérias, um ferimento após a poda ou queda de granizo.
As bactérias progridem através dos brotos e ramos, depois passam pelo tronco e o sistema radicular.
As partes lenhosas apresentam um aspecto húmido e no final da estação formam-se cancros nessas áreas e as bactérias passam aí o Inverno hospedadas.
Os insectos são a via de infecção mais importante e perigosa.
O que favorece a proliferação da bactéria Erwinia Amylovora?
- O excesso de húmidade é a principal causa;
- A rega por asperção;
- A poda em excesso, severa e com ferramentas não desinfectadas;
- O excesso de azoto.
Como reconhecer a presença da bactéria Erwinia Amylovora?
- Nas folhas pela descoloração das veias, visível da Primavera ao início do Verão. Sintomas que vão diminuindo com o tempo acabando por desaparecer durante o Verão devido aos efeitos do tempo mais quente.
- Na casca, a doença progride através dos ramos, galhos e o tronco, provocando a queda da casca e gerando a formação de cancros nessas zonas. O exsudado amarelo escuro e leitoso sai dos cancros e por baixo deles os tecidos infectados são castanhos avermelhados, brilhantes e húmidos.
Como combater a doença?
- Se afectado, isole de imediato o bonsai doente de outros bonsais e até mesmo de outras plantas;
- Remover os ramos doentes, tomando cuidado de cortá-los bem abaixo do início dos sintomas;
- Queimar imediatamente e longe de outros bonsais os galhos, ramos e qualquer folha doente;
- Por segurança desinfectar as ferramentas entre cada corte com álcool a setenta graus para evitar a propagação de bactérias.
- Aplicar um tratamento à base de cobre nos cortes.
Quais as medidas preventivas?
- Manter o bonsai o mais limpo possível, não deixar madeira morta no chão ou nos vasos;
- Evitar ferir os ramos do bonsai durante a poda, aplicar uma pasta cicatrizante nos cortes maiores e utilizar sempre ferramenta em bom estado, muito afiada e sobretudo muito limpa.
Ler ao nosso artigo original sobre a cicatrização do bonsai.
- Evitar o uso de fertilizantes com muito azoto e favorecer a aplicação de fertilizantes orgânicos como o Biogold;
Ler artigo original sobre o adubo orgânico biogold.
- Além disso, evitar o excesso de água nos vasos de bonsai, que além de prevenir a proliferação da bactéria reduz o risco de podridão do sistema radicular ao mesmo tempo.
- Portanto é essencial usar um substrato muito drenante e de muito boa qualidade;
- A rega por asperção pode facilitar a propagação da bactéria, é preferível regar por imersão em caso de dúvida.
Depois que a bactéria se instala, não há tratamento curativo para combatê-la. Por isso, é imprescindível respeitar as medidads de prevenção previamente estabelecidas e em caso de ataque isolar de imediato o bonsai afectado.
Devemos ser prudentes na avaliação porque existem muitas situações onde podemos confundir a presença da bactéria com outro tipo de doenças como Pseudomonas syringae, Monilose das flores de marmeleiro, a fusariose da macieira, o Coenorhinus coeruleus, janus compressus na pereira.
O mais seguro para verificar a presença da bactéria é de recolher amostras e enviar para análise num laboratório especializado.
Como podemos prevenir o fogo bacteriano ou Erwinia Amylovora?
Em suma, prevenir é sempre melhor que remediar e para isso é necessario respeitar as condições ideais de cultivo como já vimos noutro artigo.
Ler artigo sobre as tarefas e o calendário do bonsai.
- Regar apenas quando o torrão começar a secar e sempre de manhã para dar tempo às folhas de secarem durante o dia;
- Usar fertilizantes orgânicos em detrimento dos fertilizantes químicos;
- Usar ferramentas bem afiadas e acima de tudo muito limpas;
- Proteger o bonsai do sol durante as horas mais quentes.
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Xylella Fastidiosa.