Folhosas e coníferas em bonsai.
Para conseguir uma árvore de bonsai com sucesso, temos primeiro de saber distinguir que tipo de árvore com o qual estamos a lidar. De facto, na natureza existem árvores de folha caduca que é quando a folha cai no inverno e volta a rebentar na primavera, de folha perene, quando a folha fica em permanência na árvore e um outro tipo de árvore chamada de conífera que também podem ser de folha caduca ou perene.
Mas então, quais são os vários tipos de bonsais?
- Árvore de folha caduca;
- Árvore de folha perene;
- Coníferas ou resinosas de folha perene;
- Coníferas ou resinosas de folha caduca.
Quais são os tipos de folhosas e coníferas em bonsai?
A - As folhosas:
Em botânica, as árvores de folha caduca pertencem às dicotiledóneas angiospermas o que significa semente envolvida, ou seja, a semente está contida num fruto, as suas folhas raramente estão sob a forma de agulhas ou escamas. É o caso da Bétula, do Carvalho, do Castanheiro, do Chopo ou da Faia.
As árvores de folha caduca produzem folhas bem desenvolvidas, ao contrário das árvores coníferas cuja forma da folha é principalmente representada por agulhas e que também podem ser caducas, embora em casos raros, tais como o Ginkgo Biloba, o Pseudolarix, a Metasequoia ou Taxodium, ou perenes, que é o caso de todos os pinus e juniperus.
Ver os nossos bonsais de folha caduca.
As árvores de folha caduca em bonsai são muito populares por duas razões principais:
- Em primeiro lugar, a sua estrutura:
Porque quando estão sem folhas é muito mais fácil contemplar os ramos principais e secundários, ao contrário das coníferas onde é impossível ver apenas os ramos.
É o caso do carpinus coreano por exemplo, com os seus ramos muito finos, flexíveis, elegantes e graciosos.
Curiosidade:
Sobre o carpinus bétulus ou carpinus europeia: as suas folhas, uma vez secas, permanecem presas à árvore durante todo o inverno até que as novas folhas brotem, mas não é por isso um bonsai de folha perene. Mesmo assim é possível apreciar a sua estrutura.
- Por outro lado, os bonsais de folha caduca apresentam-nos cores espetaculares, especialmente no outono, tais como o liquidambar com os seus extraordinários tons de vermelho, laranja e amarelo simultaneamente. Na mesma folha podemos encontrar uma paleta inteira de tons que vão do amarelo brilhante ao rosa, roxo e preto.
O carpinus coreano também nos oferece cores sensacionais no outono com as suas folhas amarelas, laranja e vermelha. Também as folhas do ginkgo biloba, que não é uma folhosa mas sim uma conífera, são igualmente notáveis com a sua impressionante tonalidade de amarelo dourado no outono antes da queda da folha.
O ginkgo biloba é considerado um fóssil vivo e é um símbolo de paz e longevidade por ter sobrevivido às explosões atómicas no Japão.
É possível desfolhar um bonsai de folha caduca de dois em dois ou de três em três anos.
O objectivo da desfolha é acelerar a ramificação e provocar um novo crescimento como o da primavera, gerando assim o aparecimento de novas folhas, mas mais pequenas do que as anteriores.
Esta técnica é aplicada no final da primavera e início do verão sobre o bonsai saudável, caso contrário o bonsai pode morrer devido ao choque causado pela remoção das folhas.
A remoção das folhas é equivalente a dois cultivos no mesmo ano.
É, no entanto, aconselhável respeitar um fator muito importante no momento da desfolha, é cortar o pecíolo deixando mais ou menos meio centímetro a um centímetro preso no ramo, por isso utilizamos uma tesoura desfolhadora, nunca arrancar a folha porque pode também arrancar o novo broto que, neste caso, nunca chegará a desenvolver-se.
Ler artigo original sobre a desfolha do bonsai.
Nota:
- Nunca devemos praticar a desfolha de qualquer bonsai todos os anos, temos sempre que deixar dois a três anos entre cada, caso contrário corremos o risco de cansar o bonsai que acabará por enfraquecer e até morrer. A desfolha não é uma situação normal e natural.
Ler artigo original sobre o bonsai de folha caduca e o bonsai de folha perene.
B - As coníferas ou resinosas:
Chamamos de resinosas à maioria das coníferas com células secretoras de resina quer na sua madeira, folha ou casca, tais como pinheiros e juníperos.
Existem coníferas de folhas caducas como o ginkgo biloba, a metasequoia e o taxodium, são bonsais com folhas e não com agulhas ou escamas como os pinus e juniperus.
Nota:
O facto de perder as folhas no inverno não quer dizer que morreram, voltarão a nascer na primavera seguinte.
Os Pinus:
Os pinheiros são as árvores em bonsai mais difundidadas e mais populares, são coníferas sempre verdes com duas agulhas no caso do pinheiro nigra ou pinus thunbergii ou com cinco agulhas no caso do pinheiro branco ou pinus pentaphylla que é obtido de enxerto ou pinus parviflora, obtida de sementeira na iberbonsai.
Recordamos que é importante diferenciar os pinus de acordo com o seu tipo de crescimento, ou seja, se produzem uma ou mais rebentações durante a época de desenvolvimento para poder intervir na poda.
Os pinheiros com uma única rebentação durante o ano são o pinus pentaphylla ou pinheiro branco japonês ou ainda pinus parviflora, o pinheiro da montanha ou pinus mugho e o pinus sylvestris.
Aqueles com duas rebentações durante a época de crescimento são pinheiro negro japonês ou pinus thunbergii e o pinheiro vermelho japonês ou pinus densiflora que multiplicamos por sementeira na iberbonsai. São considerados os pinheiros de maior crescimento.
Ler artigo original sobre o pinus e a rebentação.
O pinheiro é um ícone no mundo do bonsai, representando a montanha e o mundo espiritual à sua volta.
Para conseguir pinheiros espetaculares, devemos utilizar a aramação, com arame de alumínio anodizado ou de cobre, a partir do outono até ao início da primavera ou mesmo após a poda das velas no verão.
Os juniperus:
Esta é igualmente uma das coníferas mais difundidas em bonsai, particularmente apreciada pela sua folhagem, formando patamares de extraordinária densidade e sobretudo pela sua madeira morta, oferecendo a possibilidade de destacar os veios vivos que a atravessam.
O mais comum é o juniperus chinensis, que é um zimbro escamoso, o mais famoso dos quais é o juniperus chinensis itoïgawa, originário do norte da ilha de Honshu, na província de Niigata, no Japão.
Atualmente, já não existem juniperus naturais e são os restos de podas de viveiros que abastecem o mercado mundial.
Na iberbonsai também reproduzimos por estacas o juniperus chinensis itoïgawa a partir das sobras de poda.
Ver as nossas mudas de juniperus.
A principal vantagem do juniperus é que pode suportar uma poda severa e é ideal para madeira morta jin shari.
Ler artigo original sobre o jin shari.
São técnicas utilizadas para dar a impressão de envelhecimento da árvore, criando madeira morta imitando uma árvore que vive nas montanhas em condições extremas varridas pelos elementos naturais. O objetivo é representar o mais parecido possível a um espécimen natural castigado pelos efeitos naturais ao longo do tempo.
O taxus ou teixo:
É uma conífera de folha perene de crescimento muito lento. No inverno as folhas do taxus tem tendência a ficar amareladas, voltando ao verde na primavera quando o tempo começar a aquecer.
ler mais sobre o bonsai taxus baccata.
A importância das folhosas e coníferas em bonsai.
Agora que sabemos distinguir um bonsai de folha caduca ou perene e um bonsai conífera igualmente de folha caduca ou perene, podemos ter em conta os métodos adequados de cultivo para qualquer um deles.
A parte mais difícil do crescimento das coníferas, para além da importância do substrato que deve ser a base de kiryuzuna, é a poda, a pinçagem e a aramação, pois é graças a elas que conseguimos estilizar e estruturar o nosso bonsai.