Myrthus Communis em bonsai.
A myrthus communis é originário da Europa e África e em volta da região mediterrânea, o nome myrthus provém do grego mythos e como a punica ou romãzeira, são ambas antigas espécies cultivadas e mencionadas na bíblia.
A myrthus communis é uma árvore hermafrodita.
O que chamamos de hermafroditas são os organismos capazes de produzir tanto gametas masculinos quanto femininos, assumindo, portanto, o papel de macho e fêmea.
Essa estratégia ocorre em plantas e algumas espécies de animais como as lesmas e os caracois por exemplo.
A myrthus communis é muito apreciado em bonsai.
Sobretudo quando temos oportunidade de contemplar um exemplar muito antigo cujo tronco e nebari atraem de imediato o nosso olhar. Muitos exemplares que vemos no comercio, infelizmente são provenientes de yamadori, ou seja da própria natureza.
Ler artigo sobre o yamadori em bonsai.
O género myrthus compreende cerca de cem espécies, originárias de África, da Europa, da América, das Antilhas e da Nova Zelândia.
A myrthus communis é uma destas espécies, originária da região mediterrânica e na natureza pode atingir cinco metros de altura.
Com uma folhagem perene, verde e brilhante, as suas folhas são oval lanceoladas, com quatro a cinco centímetros de comprimento, densamente dispostas e muito aromáricas quando amassadas.
Floresce de junho a outubro, com flores brancas ou cor-de-rosa. Flores com dois centímetros de diâmetro.
Na natureza é uma pequena árvore de quatro a cinco metros de altura e possui folhas perenes. Hoje em dia é cultivado de forma intensiva para a produção de óleo de myrthe cujas propriedades são amplas e variadas como por exemplo: expetorante e mucolítico, descongestionante respiratório, venoso, linfático e da próstata, anti-infecioso e antisséptico, estimulante do fígado etc...
NOTA:
- Os gregos e os romanos associavam-na ao amor e à virgindade. Por esta razão, as suas delicadas flores de murta branca eram utilizadas para fazer ramos de noiva e coroas de flores.
- A madeira e as folhas do myrthus communis são igualmente utilizados na cozinha para dar mais sabor às carnes principalmente na brasa.
- As flores do bonsai myrthus communis, que desabrocham no fim da primavera início do verão. São brancas, ligeiramente e agradavelmente perfumadas, com alguma semelhança a eugenia uniflora ou pitangueira.
Ver as nossas eugenia uniflora e eugenia myrtifolia.
A seguir à flor nasce uma baga azul escuro quase preta, do tamanho de uma ervilha e que pode conter até trinta sementes. O fruto da myrthus communis é comestível, o sabor é parecido com o zimbro ou juniperus e pode ser utilizado para fazer licores.
A folha, a flor e as bagas são utilizados na cozinha, perfumaria e cosmética.
As folhas são pequenas com mais ou menos quatro a cinco centímetros de comprimento deixando fluir um odor subtil ao toque.
Multiplicação por sementeira. Um grama contém cerca de cem sementes e a taxa de germinação é de cinquenta por cento com condições favoráveis.
Semear diretamente numa mistura de areia fina, terra e turfa, com temperatura média de vinte a vinte e cinco graus centígrados.
Ler mais sobre a sementeira do bonsai.
O bonsai myrthus communis é de fácil cultivo, mas reservado às zonas com temperaturas mais amenas, ou seja com temperatura negativa até cinco graus centígrado.
Gosta de calor e precisa de verões longos e quentes para produzir uma floração abundante e espetacular.
O tronco por norma cresce muito lentamente e tem uma casca cor de canela, ligeiramente fissurado com o tempo.
Pode apanhar sol no verão, mas como todos os outros bonsais é melhor prever uma rede de sombra para evitar as queimaduras solares pelo menos entre as onze e as dezasseis horas.
Temos igualmente de proteger o bonsai myrthus communis do frio intenso, ou seja, do gelo abaixo dos cinco graus negativos. Podemos utilizar um pano de inverno que é um tecido branco feito de polipropileno não tecido, permitindo aos bonsais ganhar alguns graus que serão muito importantes à sua sobrevivência. Este tecido protege eficazmente os bonsais, permitindo a filtragem da água e do ar, deixando assim a troca de gases vitais para o bonsai.
Nas zonas mais frias é preferível resguardá-lo num local fora de gelo e com muito luz natural, mas sobretudo sem aquecimento.
Importante:
- Relembramos que um bonsai de exterior, nunca pode ficar num lugar com aquecimento, mesmo e sobretudo depois do torrão ficar congelado, o melhor é dar tempo ao bonsai para recuperar num ambiente ameno e com muito luz solar natural.
- Manter o torrão com uma certa taxa de humidade no inverno, mas sem nunca o encharcar.
Continuar a ler o nosso artigo original sobre o bonsai e o frio.
A poda do bonsai myrthus communis:
O bonsai é uma planta natural e mesmo que esteja limitado num pequeno vaso irá sempre crescer e desenvolver-se, é um fenómeno natural. A mesma planta cultivada na terra irá crescer em altura e poderá atingir um porte excecional.
No espírito do bonsai, temos que manter a planta numa escala reduzida para imitar um exemplar na natureza, mas em miniatura.
DICAS:
- O bonsai myrthus communis ramifica muito bem. A seguir à poda e por segurança devemos utilizar uma pasta cicatrizante nas feridas grandes.
Ler artigo sobre a cicatrização do bonsai e a pasta cicatrizante.
- É melhor aramar os rebentos novos e os ramos pequenos, pois os ramos mais velhos são rígidos e quebradiços.
Saiba como aramar o bonsai.
A poda faz parte do processo de miniaturização da árvore em conjunto com o reduzido espaço deixado no vaso.
Como nos bonsais de interior, os novos rebentos do bonsai myrthus communis efectua-se em dezembro e janeiro, utilizando sempre ferramento adequada.
A poda de estruturação do bonsai permite manter a árvore compacta e definida.
O ojetivo principal da poda de estruturação é a estética do bonsai, provocando uma nova rebentação mais compacta e sobretudo mais perto dos ramos primários de forma a equilibrar a entrada da luz e dar mais vitalidade aos ramos de segundo nível e mais baixos.
Cortamos os ramos pequenos e pequenas ramificações com uma tesoura fina ou grossa. Para podar os ramos maiores, utilizamos uma podadora côncava a fim de obter uma cicatrização o mais discreta possível.
O alicate ou a podadora de ponta esférica proporciona um corte côncavo e limpo que acelera o processo de cicatrização do bonsai.
NOTA:
- Seja na poda de formação ou de manutenção, devemos sempre cortar o ramo acima de um broto que vai crescer para o lado exterior da árvore e não para o lado interior, ou seja em direção ao tronco principal, para evitar o cruzamento dos ramos entre eles e que prejudicaria a estética do nosso bonsai.
O transplante do bonsai myrthus communis:
O transplante do bonsai é uma fase necessária e indispensável na vida do bonsai que deverá efetuar-se no inverno, de dezembro até meados de fevereiro.
Esta operação deverá ser feita a cada três a quatro anos, o torrão deve ter uma camada de raízes à sua volta, se não tiver pode não ser o momento certo para o transplante e terá que esperar mais um ano.
Cuidado com o substrato. A escolha acertada do substrato será a garantia para uma ótima saúde do bonsai.
Um bom substrato deve reter a humidade necessária e deve garantir a circulação do ar.
NOTA:
- O bonsai myrthus communis não gosta de solo calcário, por isso é fortemente recomendado utilizar akadama hard quality misturado com pomice.
Ver o segredo no transplante do bonsai.
Para conseguir e ter sucesso no transplante do bonsai, basta respeitar as regras básicas, a saber:
- Quando as árvores perderem as folhas o que ocorre em Portugal a partir de fim de dezembro até meado de fevereiro, ou seja, com seiva descendente ou parada, é altura correta para fazer o transplante de bonsais de folha caduca. Nas coníferas o melhor momento para o transplante é fim do inverno início da primavera, mas cuidado, não se pode envasar uma conífera se começar a brotar, neste caso mais vale esperar para o ano seguinte. O simples facto de ver alguma rebentação indica-nos que não podemos tocar nas raízes sem termos um retorno desfavorável.
Nas plantas ditas tropicais, o transplante é mais aconselhado no início da primavera, pois este tipo de planta não sofre as diferenças climáticas, ou seja, as estações do ano.
- Utilizar sempre um substrato de qualidade com elevado grau de retenção de água e nutrientes e que deixe circular o ar com facilidade. Akadama hard quality, sakadama, kiryuzuna, kanuma, keto, pomice são os substratos em que mais podemos confiar a longo prazo..
- Nunca deixar bolsas de ar no torrão, causa principal da morte do bonsai após o transplante. Temos que ter paciência e passar o tempo necessário para empurrar o substrato dentro das raízes, só assim se consegue um transplante de qualidade. Na iberbonsai, muitas vezes passamos quase meia-hora só para executar essa tarefa para o transplante de um bonsai num vaso de trinta centímetros por exemplo.
- Prender o bonsai ao vaso com arame de alumínio anodizado, para não correr o risco de partir raízes na manutençaõ da árvore, tendo o cuidado de escolher um arame não muito fino para não cortar as raízes, com diâmetro acima de dois milímetros.
O bonsai myrthus numa coleção.
É um bonsai espetacular numa coleção, sobretudo se conseguirmos um exemplar já com alguma idade, não é necessariamente um bonsai de grande porte, também é muito bonito num vaso pequeno graças ao seu nebari encantador.